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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

O falacioso "milagre" de Manassés



Nos dias hodiernos, tornou-se comum no meio cristão se deparar com interpretações bíblicas bizarras. Embora, passem despercebidas por uma grande massa de pessoas, há ainda nos dias de hoje bereianos de plantão. Os cristãos de Beréia muito nos ensinam com o hábito que possuíam de examinar as palavras que o pregador pronunciava comparando-as às Sagradas Escrituras, até os ensinamentos de Paulo foram submetidos a essa análise.
Não é porque o pregador ou o pastor tem uma boa dicção ou uma excelente oratória que não devemos analisar minuciosamente o que se está ensinando em uma mensagem. Todavia, a geração atual se assemelhou à geração de Manassés e Amom. Foi preciso Deus levantar Josias e Jeremias que se preocupavam com a sua Palavra. Tamanho foi o desprezo daquela geração que o Livro da Lei estava perdido dentro da própria Casa do PAI. Quando a “presença” do SENHOR é posta de lado a sua Palavra também é esquecida!
Há algum tempo que me incomodo com uma interpretação esdrúxula do seguinte texto das Escrituras: “José chamou ao primogênito Manassés, porque disse: Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho e de toda a casa de meu pai” (Gn 41.51). A análise interpretativa precisa obrigatoriamente obedecer às regras da exegese que é a profunda interpretação do texto em apreço.  O contexto da referida passagem (cap. 41) se inicia com um sonho que faraó teve, produzindo nele uma vontade de interpretar-lo, mas nenhum mago, feiticeiro, adivinho, astrólogo foi capaz de discernir tal sonho. Em seguida, o copeiro-mor se lembra de José fazendo com que este seja requisitado imediatamente diante da presença de faraó. José interpreta o sonho por intermédio do Espírito de Deus e é elevado à posição de chanceler, primeiro-ministro ou governador, como queira, e recebe o nome de Zafenate-Panéia (Jerônimo traduziu este nome como: Salvador do Mundo). Casa-se com Azenate e administra os recursos do Egito nos sete anos de fartura, para que nos sete anos de seca não faltassem alimento. Chega-se ao ponto que abordaremos o falacioso “milagre de Manassés”. Agora, José é um homem bem- sucedido, e para completar sua felicidade nasce do ventre de sua mulher dois filhos, o primeiro (primogênito) é Manassés significa “aquele que faz esquecer”, e o segundo é Efraim, significa frutificação (vide Comentário Champlin, Antigo Testamento Volume I, pag. 257).
Há por aí uma interpretação grotesca dessa passagem que afirma que tal relato dá base para orarmos para pessoas viciadas em todas as espécies de vício e outros problemas a fim e que ao invocar o “poder” contido neste versículo as pessoas esqueçam que um dia foram viciadas, supostamente idêntico ao esquecimento que José teve da casa de seu pai quando lhe nasceu Manassés. Quanta ignorância! O que impera nos dias de hoje é a eisegese que consiste no ato de impor ao texto o que desejamos que ele tenha ou injetar no mesmo aquilo que não possui.
Para a correta e inequívoca interpretação do Livro Sagrado é preciso observar os hebraísmos, as expressões idiomáticas, os paralelismos, as metáforas no contexto em voga, em suma, a cultura judaica.  Interpretar a Bíblia à nossa própria maneira ignorando a exegese é semelhante a um eletricista que tenta obstinadamente entender e interpretar um vade mecum. Os púlpitos estão cheios de “eletricistas” que ao acender uma lâmpada em suas cabeças pronunciam asneiras e “achismos”. Houve um tempo em que havia os crente anti-teológicos, que se opunham descaradamente aos que se dedicavam à teologia. Mas, esse tempo passou e hoje o cenário evangélico brasileiro evidencia a necessidade de apologetas se arvorarem contra toda e qualquer deturpação das Sagradas Escrituras. Considerando que era comum entre os hebreus dar nomes aos seus filhos com significados que remetiam ao passado, mormente, uma situação vivida no presente ou uma antevisão do que aconteceria no futuro, José nomeia o seu primogênito com um significado que ilustrava seu passado de sofrimento, ignomínia e ultraje, onde os seus principais adversários eram os seus próprios irmãos.  O escritor do ”livro das origens” em nenhum momento apóia o pensamento de que José tenha sofrido de uma espécie de amnésia esquecendo-se completamente de tudo o que vivera entre os seus familiares.
O movimento que vem acontecendo denominado “milagre de Manassés” tem em seu próprio nome um erro crasso, pois nesse caso a preposição “de” indica posse, dessa forma refutamos o mal pela sua raiz, pois, o milagre não tem origem e nem é mantido em posse de um homem, o milagre se dá em uma esfera exclusivamente sobrenatural, portanto divina. É fatídico saber que massas afluem para experimentar o “fogo estranho” e que pastores usem a tribuna para ludibriarem os seus ouvintes. O assunto em evidência se assemelha a técnicas de manipulação do que de uma oração que hipoteticamente teria o poder de fazer com os que são alvos da intercessão se esqueçam de tudo o que ficou para trás, principalmente, dos vícios.
Em última análise é indispensável destacar que a vontade de Deus é que nos lembremos do nosso passado vergonhoso e execrável com a finalidade de testemunharmos no presente a transformação que foi operada em nossas vidas através do genuíno Evangelho (1 Pe 2.9 ). A Palavra não pode ser distorcida ou desvirtuada ao nosso bel prazer, antes ela é a Palavra que procede da boca de Deus para o ouvido dos homens, mas muitos estão com comichões no ouvido (2 Tm 4.3) de maneira que não suportarão o santo ensino (vide VKJ 2 Tm 4.3 pág. 2356). Aquele que tem ouvidos, compreenda o que Espírito revela às igrejas! (Ap 2.29).

Por Esdras Moreira Machado
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1 comentários :

  1. creio na ótima interpretações. precisa ser pelo ou menos baixarel em teólogia, para compreender.

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