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domingo, 24 de janeiro de 2016

A INCONSISTENTE E MALÉFICA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE



Nestes últimos dias da Era Cristã as heresias se alastram como um câncer que causa uma terrível gangrena (1 Tm 2.17) em todos quantos se tornam adeptos, sectários, simpatizantes ou aos que dão ouvidos às chamadas doutrinas de demônios (1 m 4.1). No advento do neopentecostalismo, fenômeno dissidente do pentecostalismo clássico que é marcado por uma ortopraxia (que é a prática correta da crença), um tanto estranha e bem distante da ortodoxia (que é a crença correta), tem como “carro-chefe” a falaciosa Teologia da Prosperidade ou ainda denominada de o Evangelho da Prosperidade.

Tornou-se comum nesse meio neopentecostal defender o ensinamento de que nós (cristãos) temos que ser prósperos a qualquer custo, prega-se que o desejo de Deus para os seus filhos é de enriquecê-los com o melhor desta terra (Is 1.19). O pior que isso é só o começo, aqueles que porventura estão em um estado de pobreza ou miséria financeira vivem tal situação por causa da incredulidade, da maldição hereditária ou ainda por causa do pecado, segundo acreditam os defensores de tal sofisma doutrinário.

A teologia da prosperidade tem sua origem no chamado Movimento de Fé que surgiu na década de 40 nos Estados Unidos e foi iniciada por Essek William Kenyon e desenvolvido sistematicamente por Kenneth Hagin que foi considerado o pai do referido movimento. O Movimento da Fé foi a escola dos “profetas” da famigerada teologia da prosperidade. Nesse contexto desolador que surgiram as heresias camufladas por versículos como: “Pelo que, se alguém, está em Cristo, nova criatura é as coisas velhas se passaram, eis que tudo se fez novo” (principalmente, sua vida financeira); “Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito”, distorcem tais versículos para dizerem que: o que eu confesso eu possuo”.

Pelo fato de crerem que o pensamento cria e modifica a nossa experiência no mundo, evidenciam exageradamente o pensamento positivo e a auto-afirmação, sendo conhecida tal prática como Confissão Positiva, outro nome que se dá ao “Evangelho” da prosperidade. Expressões como: eu determino, eu reivindico, eu exijo, eu resgato, talvez o nome mais apropriado seria “teologia do eu”. Em primeiro lugar vemos o antropocentrismo como a peça-chave dessa doutrina herética. A soberania de Deus é colocada de lado em detrimento do ego do homem, do hedonismo (o prazer a qualquer custo, e esse prazer em especial se dá pelo dinheiro). Desde que o homem rejeitou o teocentrismo a anarquia foi instaurada. O SENHOR é o centro de tudo, terra, céu e mar. Se Deus não for o centro da sua vida, lamentavelmente, você não vive o Evangelho, você vivencia uma filosofia humanista. E isso se tornou tão evidente nos nossos dias que uma boa parte das músicas evangélicas coloca o homem no centro, no meio, em evidência. Tais músicas não podem ser chamadas de louvores a Deus!

Em segundo lugar, a aludida teologia tem por finalidade imunizar o cristão das doenças e da pobreza material. Segundo os seus articuladores, o cristão que se encontra enfermo sofre por causa da incredulidade ou por maldição hereditária ou ainda, pode estar possesso por demônios. Tais concepções mostram a ignorância em interpretarem versículos isolados como: Is 53.4-5 se valem dessa passagem para dizer que o crente em Cristo está incólume a qualquer doença. Então, como explicar a morte do profeta Eliseu, o homem de Deus? Este não morreu de velhice ou de causas naturais, mas de uma enfermidade (2 Rs 13.14a). Analisando o capítulo 11 de João percebemos que o evangelista não nos priva do importantíssimo detalhe de que Jesus amava a Lázaro, não obstante, Lázaro padeceu dos sofrimentos da humanidade.  E a enfermidade que o jovem obreiro Timóteo padecia (I Tm 5.23)? O próprio apóstolo Paulo consoante alguns teólogos interpretam o “espinho na carne” como sendo uma provável enfermidade. Afirmo-lhes que um cristão adoece e pode vir a falecer em virtude de uma enfermidade. Vivenciei isso de perto na ocasião que o meu tio ficou enfermo, mas também vi a convicção de um homem cristão que não murmurou em meio às dores, mas deu graças a Deus em tudo. Partiu pra eternidade deixando uma verdade bíblica incontestável: O corpo do cristão pode até ver a corrupção, mas a sua alma certamente se encontra com Deus.

Sobre a pobreza material: Os discípulos de Hagin vociferavam que o homem em estado de pobreza nada mais era do que reflexo de uma vida em pecado. Que afirmação descabida! Os defensores modernos chegam ao cúmulo do absurdo ao afirmarem que Jesus não era pobre, mas que possuía até uma casa de veraneio às margens do mar da Galileia na cidade de Cafarnaum. É interessante notar que uma coisa é possuir uma casa à beira da praia outra coisa é ser bem afortunado. Basta viajarmos para o litoral nordestino que encontraremos muitas casas perto das praias de pobres pescadores. Como interpretar Zacarias 9.9? : “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e Salvador, pobre e montado sobre um jumento...” Jesus não era rico, magnata ou um bem-sucedido empresário do ramo da marcenaria, sua origem era humilde e isso se torna facilmente comprovado em Lucas 2.24 que dispõe: “e para darem oferta segundo o disposto na lei do Senhor um par de rolas ou dois pombinhos.” Essa oferta era oferecida pelas pessoas menos abastadas. Verificamos ainda, através das Escrituras, que quase tudo que o mestre dispunha era emprestado: o barquinho para pregar (Lc 5), o jumentinho para entrar em Jerusalém (Mt 21.2,3), até a sepultura fora emprestada por José de Arimateia (Jo 19. 41-42). Podemos também recorrer às suas pronunciações como: Não ajunteis tesouros na terra, mas ajunteis tesouros no céu, ou ainda, o que ele disse ao jovem rico “vai, vende tudo o que tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu”, em seguida Jesus disse aos seus discípulos: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas” (Mc 10.21-23). Ante o exposto, como podem sustentar afirmações tão inverossímeis como estas?

As palavras de Norman Champlin caem como luva nesse cenário de interpretações horrendas, quando diz que “O deus Mamom atrai mais que o Cristo da Galileia”. Acorda igreja! O Apóstolo Paulo, o maior apologeta (defensor do genuíno Evangelho) de todos os tempos nos admoesta na primeira carta a Timóteo no capítulo 6 nos versículos 9 e 10: “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se transpassaram a si mesmos com muitas dores.” John Piper, renomado teólogo batista norte-americano comentando esses versículos disse: os pregadores da teologia da prosperidade são os maiores promovedores de suicídios coletivos, pois todos os que os ouvem acabam por transpassarem a si mesmos.

Em virtude dos argumentos apresentados, entendo que não é pecado o cristão almejar por uma vida mais digna e até mais abastada, o que se torna pecado é supervalorizar os bens terrenos em detrimento do sumo bem que é a vida eterna. Assim Paulo nos diz: Porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele (I Tm 6.7). E para nossa reflexão final, a teologia da prosperidade coloca na boca de Deus uma frase que é do diabo: “tudo te darei se prostrado me adorares” (Fabrício Cunha, escritor batista).
                              
                                           
                                                             Por Esdras Moreira Machado




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