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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Os ungidos do SENHOR são intocáveis?


         Muitos líderes evangélicos têm se valido de pelo menos três textos bíblicos para se esconderem embaixo de uma redoma considerando a si mesmos como “intocáveis.” São eles: 1 Rs 24:6 no qual Davi afirma: O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do SENHOR , estendendo eu a minha mão contra ele, pois é ungido do SENHOR. Além desse versículo, o rei Davi figura no primeiro livro de Crônicas no cap. 16 e no verso 22 em seu cântico dizendo: Não toqueis os meus ungidos e aos meus profetas não façais mal. E ainda, o autor do salmo 105:5, alerta: Não toqueis nos meus ungidos e não maltrateis os meus profetas.                                                                                 
 

Mas qual seria a correta exegese desses textos que se assemelham entre si? Considerando as passagens supracitadas teremos a exata ideia do verbo tocar em sua raiz hebraica , pois todas elas comungam de contextos similares. Analisando o referido termo (tocar, hb. nāgha) em sua raiz, temos os seguintes significados: colocar a mão sobre, golpear, bater, derrubar, afligir, atacar, tocar. O significado básico deste verbo é o contato físico de uma pessoa com outra (vide Bíblia de Estudo Palavras Chaves- Dicionário do Antigo Testamento pág. 1786 nota 5060). Logo, concluímos que nesses versículos o verbo tocar não implica necessariamente um “tocar” no caráter ou na moral de um homem.                    

Ademais, o que seria o ungido do SENHOR? Os ungidos do SENHOR constituíam as três classes de israelitas que lideravam o povo política e espiritualmente, a saber: Reis, Sacerdotes e profetas. E dentro desse contexto o obstinado Saul ainda era um ungido do SENHOR, pois ainda governava o povo de Israel na ocasião que Davi cortara a orla do seu manto. Entretanto, é mister observar que Davi não economizou palavras ao se referir aos atos de injustiça de Saul. Na passagem de Crônicas bem como na de Salmo os personagens que estão em voga são os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó que foram receptores da revelação divina e isso, por si só justificaria o termo profeta, mesmo que o ofício profético nunca tivesse exercido. Mas, no Novo Testamento os ungidos do SENHOR não se limitam aos líderes espirituais, a presbíteros, a pastores, a bispos, porém a abrangência do seu significado é revelada na primeira carta de João 2.20,27 que afirma que temos a Unção do Santo. Já na primeira carta do apóstolo Pedro no capítulo 2 no versículo 9, o “príncipe dos apóstolos” diz peremptoriamente que somos o sacerdócio real. Portanto, fica depreendido destas passagens que todo crente salvo em cristo é ungido do SENHOR.                                              

Um episódio na Bíblia Sagrada narra a ocasião em que o profeta Eliseu indo no caminho do santuário no Carmelo foi duramente ultrajado por dezenas de rapazinhos que zombavam dizendo: Sobe, calvo! Sobe, calvo! Estes impropérios não foram apenas contra o profeta, mas contra o próprio Deus de Israel que era representado pelo porta-voz Eliseu. Ao amaldiçoá-los o efeito foi de imediato à causa, duas ursas saíram do bosque e despedaçaram ao menos 42 rapazinhos. É óbvio que o cenário apresentado trata-se de uma era em que Deus era o Deus da “lei” e, portanto, as consequências eram terríveis e assustadoras para aqueles que zombassem do seu nome, do seu propósito e da sua vontade. Vemos que de alguma forma esse acontecimento aplicar-se-á ao versículo que diz: não maltrateis os meus profetas!

Torna-se relevante afirmar que ainda hoje podemos incorrer no erro de maltratar os profetas do Senhor e uma das modalidades mais clássicas em ofender um atalaia de Deus é caluniando o mesmo. A calúnia tem sido o objeto de Satanás nestes dias derradeiros da era cristã para jogar à lona muitos homens e mulheres de Deus. Assim, guardemos os nossos lábios aos falarmos dos ungidos do SENHOR e refreemos a nossa língua!

Vale, contudo frisar, que refutar maus comportamentos, doutrinas heréticas, desvios de conduta cristã difere em muito do zombar, do escarnecer, do humilhar, do expor ao ridículo um ungido de Deus. Em Gálatas 2.11, o apóstolo Paulo repreende o apóstolo Pedro por agir dissimuladamente em uma questão envolvendo gentios e judeus, deixando para nós uma lição: o ungido de Deus pode vir a errar e pecar sendo necessária a repreensão do mesmo. Em outro texto Paulo orienta a Timóteo: Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob depoimento de duas ou três testemunhas. Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam (I Tm 5.19,20). A repreensão se dá á luz da bíblia e não a lume do nosso próprio julgamento. O ungido do SENHOR aceita pacifica e humildemente a correção porque sabe que ela não vem do homem, embora este na maioria das vezes seja instrumento pelo qual se concretiza a admoestação, mas que ela advém de Deus, o pai que açoita os que amam.

Ante todo o exposto, concluo que é totalmente antibíblico lançar mãos de tais versículos citados alhures para usá-los como uma espécie de “armadura ministerial” que protege indiscriminadamente pastores, bispos e também membros dotados de qualidades ministeriais. Como disse o pastor presbiteriano, Augustus Nicodemus: “Nunca os apóstolos de Jesus Cristo apelaram para a “imunidade da unção” quando foram acusados, perseguidos e vilipendiados pelos próprios crentes" (vide artigo no link:http://voltemosaoevangelho.com/blog/2013/05/como-assim-nao-toqueis-no-ungido-do-senhor/).       

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