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terça-feira, 27 de setembro de 2016

Sandálias da Irreverência


Vivemos dias de flagrante irreverência para com as coisas de Deus. Muitos já não respeitam mais a Pessoa de Deus no transcorrer de uma reunião eclesiástica; dizem estar cultuando a Deus, mas seus corações e mentes não coadunam com as palavras que saem das suas bocas; como o fariseus honram Jesus com os lábios, mas os seus corações estão distantes do mesmo (Mt 15.8). Novos estilos de adoração surgem no cenário evangélico chamada de “adoração extravagante” pelo apologeta Ciro Sanches Zibordi em uma de suas obras. ¹

Quando lemos a Palavra encontramos Deus falando com Moisés na ocasião do seu comissionamento quando este avistou a sarça em chamas que não se consumia, as seguintes palavras: “Não te chegues para cá, tira os teus sapatos (sandálias) de teus pés, porque o lugar em que tu pisas é terra santa” (Ex 3.5). Era preciso que Moisés tirasse as sandálias dos pés porque ele estava diante da santíssima presença do Senhor; realidade inexistente nos dias de hoje, pois somos constantemente incentivados a nos comportamos de várias maneiras diante da presença de Deus por uma série de “louvores”, louvores que estimulam a pessoa pular, dançar, rodar, girar, gritar na presença de Deus, menos mostrar-se reverente diante dAquele que criou e sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder (Hb 1.3).

Alguns pregadores conjecturam e imaginam porque Deus ordenou que Moisés tirasse as sandálias dos pés, alguns destes chegaram a supor que a única coisa que havia restado do Egito em Moisés era as sandálias, logo, não era possível Moisés se achegar a presença do Todo Poderoso com resquícios do Egito; mas isso não passa de especulações infundadas ou de uma “fantasiosa imaginação do pregador”. Há textos bíblicos que exigem de nós uma interpretação simples e clara e o de Ex 3.15 demonstra essa verdade, Deus ordena que Moisés tira as sandálias diante de Sua Presença em sinal de humildade, reverência, temor e respeito. A Bíblia Dake nos traz um valioso comentário em sua nota de rodapé: “Os orientais tiravam os sapatos em casa e em todos os lugares de adoração, como quando tiramos o nosso chapéu. Era um gesto que simbolizava deixar de lado todas as contaminações do andar no caminho do pecado.” ²

Os templos estão abarrotados de pessoas arrogantes, soberbas, orgulhosas, jactanciosas, envaidecidas pela torpe ideia de permanecerem irreverentes diante da presença do Deus Elohim, O Elevadíssimo. Eu aprendo com Moisés que é melhor ter os pés descalços e ser vocacionado por Deus do que ter sandálias atadas aos pés, mas não ouvir a voz do SENHOR. Sandálias da humildade, sapatos da reverência, calçados do temor são as alparcas dos que verdadeiramente professam a fé em Cristo Jesus.  Não se pode chegar diante do Deus vivo arrogantemente, prepotentemente, soberbamente é necessário chegar-se a Ele humildemente, respeitosamente, humilhantemente.

O salmista Davi bem definiu o homem na ótica divina: “Pois Ele conhece a nossa estrutura e lembra-se que somos pó” (Sl 103.14). O cantor J. Neto compôs uma música que seu refrão diz: “Mas o homem não entende a vontade de Deus, iludido até pensa ser maior que os céus; na verdade não é nada é pó e cinzas é o barro que sobrou”. O homem é o barro que sobrou! Quando continuamos a vasculhar as páginas veterotestamentárias³ achamos no livro de Josué no Cap. 5 no versículo 15 a seguinte ordem divina: “Então disse o príncipe do exército do SENHOR a Josué: Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar que tu estás é santo. E fez Josué assim”. É interessante notarmos esse texto que passa despercebido pela maioria dos leitores da Bíblia, pois é muito comum citarmos apenas o episódio que aconteceu com Moisés, mas as Sagradas Escrituras é clara ao apontar a mesma exigência que Deus havia feito a Moisés, agora fazia a seu sucessor Josué; com isso entendemos que Deus sempre exigirá humildade dos seus servos. Os tempos eram outros, Moisés já havia partido, era Josué o líder de Israel, mas quando Deus reproduz a mesma ordem a Josué que havia feito a Moisés era como se Ele estivesse dizendo a Josué: “Eu ainda Sou o mesmo, Eu ainda exijo reverência diante da minha Face, continuo Santo e para sempre Serei, continuo em um Trono e para sempre Terei o cetro de Justiça em minhas mãos, Josué! Josué! Tira as sandálias dos teus pés! Porque o lugar que tu estás é santo!

A atual geração é irreverente, indecente, indecorosa, indisciplinada, intransigente e insubmissa. As pessoas vão aos templos para se reunirem socialmente, conversam, balbuciam, futicam nos celulares, mascam chicletes, colam os mesmos nos assentos das igrejas, vendem produtos até mesmo no horário do culto, tiram selfies nos banheiros com roupas irreverentes, fazem da cantina o cantinho da fofoca e do disse-me-disse, ensaiam louvores durante o culto nos estúdios, se trancafiam nas secretarias e nos departamentos, e tudo isso é potencializado no momento da pregação da Palavra. Uma geração irreverente e extravagante! Onde há extravagância, há irreverência.  Acorda Igreja! É tempo de nos despirmos das sandálias da vaidade! A única sandália que poderemos usar diante do SENHOR é sandália da preparação do Evangelho da paz (Ef. 6.15). Como bem observou Cleissivan Oliveira, professor de História na rede estadual do Maranhão: “A irreverência dos que se dizem reverentes é irreverente para com Deus da reverência”. 4

Por fim, vale salientar que irreverência não se resume apenas em ações de crentes que não possuam cargos eclesiásticos, mas esse mal atinge os púlpitos, os altares, a liderança, os sacerdotes, os ministros. Quando um pregador afirma que Deus disse algo que o mesmo não disse, tal pregador é irreverente. Quando um pastor faz do altar um balcão de negócios, da igreja uma empresa, dos membros seus clientes, tal pastor é irreverente e se constitui em um falso pastor do rebanho de Cristo. A Irreverência pode atingir todo coração sem o temor de Deus. Acorda Igreja! Que prestemos a devida reverência ao Cordeiro de Deus, ao Noivo, ao Amado das nossas almas!   

¹ ZIBORDI, Ciro Sanches, Evangelhos que Paulo Jamais pregaria, 13º impressão, CPAD, Rio de Janeiro, 2015, cap. 8, p. 145.

² Bíblia de Estudo Dake, 2º edição, Editora Atos, 2012, p. 93, nota de rodapé 3.5c.

³ Veterotestamentário significa «relativo ao Velho Testamento». É uma palavra constituída por vetero- (do latim vetus, vetĕris, «velho») e pelo adjectivo/adjetivo testamentário, «relativo a testamento»




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