O atual esquecimento de um Livro Inesquecível
Na atual
cristandade é perceptível a recusa pela primazia à Palavra de Deus; alguns
preferem os “cultos” com espetáculos pirotécnicos, outros, externam a
predileção por “reuniões do movimento”, movimentos estes causados pelas
incansáveis horas de “boa música” e pelos “minutinhos enfadonhos de palavra.” Ainda
outros, se movimentam no “reteté”, mas não se movem ao ver o próximo morrendo
de fome, frio e sede. Para muitos, a bíblia se tornou um livro qualquer que
pode ser aberto no Salmo 91 ou no 23 e ser esquecido em uma estante. É possível
que ouviremos em nossa vida cristã pelo menos uma vez alguém dizendo: “Fechada
a bíblia é apenas um livro, mas aberta é a boca de Deus” uma frase que
demonstra uma conhecimento pueril da mesma, pois seja aberta ou fechada a Bíblia
sempre será a Eterna e Santa Palavra de um Deus Eterno e Santo.
As
Escrituras Sagradas narram uma história que lança luz em um dos problemas da
atual Igreja Cristã; a perícope bíblica se localiza nos livros históricos,
precisamente no segundo livro de Reis no Cap. 22 do versículo 8 ao 13. O pano
de fundo histórico nos remete à sucessão de dois impiedosos reis de Judá, a
saber: Manassés e Amom; juntos eles conseguiram imergir a nação na lama da idolatria e no pântano da
iniquidade, desfizeram tudo o que o rei Ezequias havia realizado pela
orientação divina. No entanto, se em outros tempos Deus havia levantado
Ezequias, agora Ele usaria o jovem Josias. Foi no reinado deste piedoso rei que
o então sumo sacerdote Hilquias achou na Casa
do SENHOR o livro da Lei.
Qualquer semelhança com a realidade que vivemos não é mera coincidência; todas
as vezes que a Palavra de Deus não for pregada fielmente e em sua
integralidade, a mesma será esquecida e perdida nos escombros da nossa ruína
espiritual. Quando a Palavra é alijada os muros são transpostos pelos inimigos,
as fortalezas deixam de ser inexpugnáveis, os soldados são feridos por uma
ferida mortal, a cidadela é feita em montões de destroços; as irmãs, Israel e
Judá que o digam, ambas tiveram suas derrocadas finais respectivamente em 722
a. C e 587 a. C.
Sobre o
texto correlato de 2 Cr. 34. 14-21 na ótica do sacerdote Esdras, Donald Stamps
observa:
Todo avivamento espiritual registrado no AT surgiu de uma
renovada proclamação da Palavra de Deus e da obediência a ela. Josias leu as
“palavras do livro do concerto” diante do povo, e os ouvintes voltaram-se para
Deus (vv. 30-33). Numa ocasião anterior Josafá e os levitas “ensinaram em Judá
e tinham consigo o livro da Lei do SENHOR” (17.9) Posteriormente, Esdras leu a
Lei de Deus, seis horas por dia, durante sete dias a fio (Ne 8.3,18) e a
explanou de tal maneira que o povo entendesse o que se lia (Ne 8.8). Todos os
reais e duradouros avivamentos são marcados pela reposição da Palavra de Deus
ao seu devido lugar de autoridade e de honra. Uma evidência segura que o
avivamento está começando entre o povo de Deus é o grande desejo de ouvir,
estudar e obedecer a Palavra do Senhor (ver At 2.42). ¹
A Palavra de
Deus sempre será o elemento axial para um avivamento, contudo, se esquecida
for, a sua ausência também será fator decisivo para a ruína e o degredo
espiritual de um povo e de uma nação. Judá vivia uma crise espiritual tão grave
e aguda que a Lei do Senhor (Torá do hebraico תּוֹרָה, significando instrução) estava abandonada e até mesmo
escondida dentro do Templo. Hoje há muitas igrejas que escondem a Palavra ao
proferir suas filosofias humanistas, seus
sofismas ardilosos e suas heresias diabólicas. Escondem a Palavra
de Deus e a rejeitam quando supervalorizam as “campanhas”, as “correntes” e
as “concentrações de fé e milagre”;
pregam o milagre, mas não pregam o Jesus
que pode (mas que não é
obrigado) realizar milagres. Esquivam-se do Livro Sagrado todos os pastores que
reservam um tempo ínfimo, pífio e insignificativo para a exposição do mesmo.
Depreciam-no todos os que deliberadamente o leem apenas religiosa e supersticiosamente
nos templos. Os islamistas meditam no Alcorão.
Os Budistas no Tripitaka, no Vinaya e no Sutta. Os hinduístas meditam no Livro dos Vedas. Os kardecistas leem os escritos de Alan Kardec e de Chico
Xavier. Os adventistas meditam nos escritos de Ellen White especialmente na
obra: O Grande Conflito. E os crentes
em Cristos? Em que meditam? Muitos optam pelas colunas sociais, outros pelos
jornais que trazem as últimas novidades do mundo. Leem as novidades desta
terra, mas não vivem as novidades dos céus por meio da Palavra.
É
desalentador vivermos em uma época em que muitos tem a Bíblia como um livro
obsoleto, antiquado e prisco, todavia, sobre isso Billy Graham, o maior
evangelista do século 20 afirma-nos: “A Bíblia é mais atual do que o jornal que
irá circular amanhã”. ² Dispomos de várias Bíblias de estudos, traduções
diversas, inúmeros comentários e enciclopédias bíblicas, mas lamentavelmente
esta é a geração de analfabetos bíblicos,
os que escapam dessa designação são os analfabetos
funcionais bíblicos que até conhecem um pouco aqui e acolá das páginas
sacrossantas, porém não mergulham no rio insondável da revelação do maior
intérprete da Palavra, o Espírito Santo; conhecem apenas o superficial e não
provam o Manancial de Águas Vivas. Um dos princípios doutrinários da Reforma
Protestante (1517) é Sola Scriptura é
o princípio no qual a Palavra é entronizada no seu devido lugar, acima de tudo,
acima da Tradição e do Magistério da Igreja. É mister que haja uma nova reforma
na Igreja por intermédio da Palavra a fim de que se dissipe todas as trevas da
ignorância e da cegueira espiritual.
Hernandes
Dias Lopes assevera-nos quanto a duas proposições da Palavra de Deus:
Primeira, onde está a Palavra de Deus, Deus ali também está.
Ouvir a Palavra de Deus é encontrar-se com o próprio Deus. Segunda, onde Deus
está a Palavra ali também está, não devemos procurar uma experiência com Deus
que ignore ou transcenda a sua Palavra. ³
Deduzimos destas proposições que um templo pode estar
abarrotado de pessoas vazias de Deus! Sobre isso Hernandes D. Lopes diz o
seguinte: “Há muitas igrejas cheias de
pessoas vazias e vazias de pessoas cheias de Deus”4 (grifos
meus).
Enquanto a
Palavra não for posta em proeminência o povo perecerá (Os 4.6) Existem aqueles
que deturpam descaradamente as verdades bíblicas, já outros usam de sutileza
para alterar, adulterar e falsificar as palavras
inspiradas do Livro divinamente inspirado. Nesses últimos dias da Era
Cristã só há um antídoto para a igreja contemporânea aniquilar o veneno da
antiga serpente, a saber: A Palavra de Deus. Uma igreja que não tem deferência
pela Bíblia está morta e “vive” apenas do nome como a igreja de Sardes (Ap
3.1).
Por Esdras Moreira Machado
¹ Bíblia de
Estudo Pentecostal, Rio de Janeiro, CPAD, 2005, pag. 703, nota de rodapé 34.30.
³ LOPES,
Hernandes Dias, Pregação Expositiva, 1ª edição, Editora Hagnos, 2008, pag. 73.
4 LOPES, Hernandes Dias, Pregação
Expositiva, 1ª edição, Editora Hagnos, 2008, pag. 178.
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