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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Altar de pedras toscas


E, se me fizeres um altar de pedras, não o farás de pedras lavradas; se sobre ele levantares o teu buril, profaná-lo-ás. (Ex 20.25).

Será, pois, que quando houveres passado o Jordão, levantareis estas pedras, que hoje vos ordeno, no monte Ebal, e as caiarás. E ali edificarás um altar ao SENHOR, teu Deus, um altar de pedras; não alçarás ferro sobre elas. De pedras inteiras edificarás o altar do SENHOR, teu Deus; e sobre ele oferecerás holocaustos ao SENHOR, teu Deus. (Dt. 27.4-6).
Como Moisés, servo do SENHOR, ordenou aos filhos de Israel, conforme o que está escrito no livro da lei do Moisés, a saber, um altar de pedras inteiras sobre o qual se não movera ferro; e ofereceram sobre ele holocaustos ao SENHOR e sacrificaram sacrifícios pacíficos. (Js. 8.31)

As três perícope bíblicas supracitadas revelam a vontade de Deus para Israel quanto à confecção de um altar, um altar de pedras. As duas primeiras passagens retromencionadas aponta para a ordenança do Senhor pela instrumentalidade do Seu servo Moisés para que fosse construído um altar de pedras inteiras. O terceiro texto em apreço indica a concretização da ordem divina que se deu logo após a vitória de Israel sobre o exército de Ai, sob a liderança de Josué. Na bíblia há referências de diversos tipos de altares: de terra (Ex 20.24); de pedras (Ex 20.25); de madeira (Ex 27.1); de madeira revestido de bronze (Ex 38.1-2); de ouro (Ex 39.38) e de cobre (Ex 39.39). Mas o que seria um altar de pedras inteiras?

O altar de pedras inteiras constituía-se de pedras não lavradas, pedras brutas. No bojo da ordem divina era previsto a não utilização de ferramentas de ferro para modelar as pedras. O altar deveria ser o mais simples possível. Mas quais seriam as razões que levaram Deus a especificar tais exigências quanto ao ato de erigir um altar? Primeiro, altares adornados e ornamentados eram erigidos por pagãos, Champlin citando John D Hannah, teólogo e professor de história norte-americano, escreveu: “Altares levantados com arte elaborada e plataformas elevadas, dotadas de degraus, eram comuns na adoração pagã aos deuses falsos”. ¹ Deus exigia que o altar de seu povo fosse diferente do altar aos deuses canaanitas, moabitas, filisteus, egípcios, fenícios e etc. Em segundo lugar, o altar não deveria ser o centro das atenções dos ofertantes, mas sim a Quem era dirigida a oferta (ao SENHOR). “Altares elaborados glorificavam seus construtores”, asseverou Champlin.²

Nas páginas do Antigo Testamento há muitos relatos de altares que foram erigidos de forma simples e humilde. Entre os patriarcas, observamos: Abraão, altar em Siquém (Gn. 12.7); altar edificado entre Ai e Betel (Gn. 12. 8); altar nos carvalhais de Manre junto a Hebrom (Gn. 13.18); altar no monte Moriá (Gn 22. 9). Isaque, altar em Berseba (Gn 26.25); Jacó, altar em Siquém (Gn 33.18); altar em Betel (Gn 35.7). No altar (do latim, altas, estrutura elevada) o sacrificante tinha o objetivo de contatar-se com uma divindade. O altar de 1 Rs.18.32, o altar que Elias levantou no Carmelo sem dúvida era um altar de pedras rústicas. Percebemos por essa análise bíblica que Deus sempre se manifestou em altares de pedras naturais.
Quais seriam os altares que tem sido erigidos constantemente nas nossas igrejas?

1º ALTAR DO EXIBICIONISMO
Há muita exibição e pouca unção. Há muito espetáculo e pouquíssimo culto. Há uma plateia e não a Igreja de Cristo. Os “cultos” tem efeitos pirotécnicos como fumaça, jogo de luzes e um parafernália que entope os altares. Nesse altar não há espaço para simplicidade, não há espaço para louvores que não mecham com os corpos, não há espaço para a mensagem séria desprovida de humor. O altar do “eu”, do estrelismo, do exibicionismo. O altar do homem, a saber, o seu coração, revela qual será o tipo de oferta que ele oferecerá. As muitas altares (corações) egocêntricos e egolátricos e a oferta que procedem desses altares não tem por destino a glorificação de Deus e sim a satisfação do “eu”. Corações egocêntricos refletem em púlpitos (altares) antropocêntricos.      


2º ALTAR DA HIPOCRISIAEste parece mais um set de filmagens. Cada um quer atuar melhor que o outro. Alguns com lágrimas, outros com o semblante sisudo e reverente, ainda outros com a mão na testa simulando uma experiência inefável. A palavra hipócrita do grego transliterado para o português é hupukritēs que significa: um ator sob um personagem, ator de palco, as igrejas e seus altares estão cheios de “atores de palco” que não descem do pedestal, não abaixam a “crista”, estão como Saul mantendo-se no poder enquanto o reino é solapado por completo. A hipocrisia é a face oculta da verdade encoberta. Jesus chamou os fariseus e escribas de hipócritas, estes eram como os sepulcros caiados, por fora estavam bem apresentáveis com a tinta de melhor qualidade daquela época, a cal, mas por dentro estavam tão podres como restos mortas expostos à decomposição e putrefação. O altar da hipocrisia tem sido erigido em muitos templos onde a aparência é supervalorizada em detrimento da essência. Não sejamos atores evangélicos! Não sejamos hipócritas!     

3º ALTAR DA INDIFERENÇA
Nesse altar o que reina é a indiferença. A indiferença pelos perdidos. A indiferença pelos famintos. A indiferença pelos feridos. A indiferença pelos combalidos. Esse altar superestima o elemento (espaço- Templo) e deprecia o “Ide por todo o mundo”. E ainda no âmbito do templo muitos sofrem, padecem e sucumbem à vista dos “insensíveis” de plantão que não pensam outra coisa que não seja no seus próprios umbigos. Os altares de hoje de muitas igrejas em nada se assemelham com o altar da igreja primitiva que assistenciava os órfãos e as viúvas, em suma, os necessitados. A oferta que é lançada no altar em muitos casos, pra não dizer a maioria, são canalizadas para a manutenção do templo e de luxos e caprichos do homem. Por onde quer que olhamos paramos pasmados ante aos altares do descaso e do desprezo.

4º ALTAR DA AUTOSSALVAÇÃO

Esse altar revela a boçalidade do homem que acha que poderá ser salvo apenas pelas suas obras. Auto – salvação do grego é autossoteria, significa dizer que o homem pretensiosamente pensa saber o caminho da salvação e pretende trilhá-lo sozinho sem auxílio da graça divina. Nesse altar, ir aos cultos, ler a Bíblia nas reuniões congregacionais, cantar louvores, orar com fervor, jejuar; são sinônimos para muitos de salvação garantida. Mas, a salvação não é por obras para que ninguém se glorie (Ef 2. 9). Um altar que exalta as obras humanas, um altar que aniquila a graça de Deus e que torna a cruz de Cristo em vão. Um altar que inverte a ordem espiritual das coisas; você é salvo se praticar boas obras e não porque você é salvo e por isso, pratica as boas obras de Deus. O profeta Isaías disse que a justiça do homem é como trapos de imundícies; há muitos por aí se revolvendo nas estopas e nos trapos de uma utópica autojustiça.
Poderíamos discorrer sobre muitos tipos de altares que são levantados na contemporaneidade, mas creio que seja suficiente a título de exemplo os quatros altares aqui elencados; partimos agora para o altar que Deus requer do homem.   

ALTAR DE PEDRAS TOSCAS
Enfim, chegamos ao altar ideal do cristão. O altar da humildade, o altar da simplicidade, o altar que agrada a Deus. Em 1 Rs 18 quando o profeta Elias ajunta doze pedras no monte Carmelo para erigir um altar; aquelas pedras eram naturais, rústicas, não lavradas. Foi nesse altar que o fogo de Deus desceu consumindo até a água. Um altar de pedras no qual as “ferrramentas do homem” não tocaram; é o altar que Deus requer dos homens. É lamentável que esse altar esteja em “estado de extinção”, pois nele não há espaço para culto à personalidade, eminência ou a sumidade; o único a ser cultuado nele é o Senhor Jesus. Um altar que dissipa a idolatria gospel dos nossos dias, que extirpa a egolatria, que repele a hipocrisia tão devastadora e funesta nas nossas igrejas, que é avesso a indiferença e ao descaso dos “crentes” da nossa era, que exclui qualquer presunção de autojustiça ou de auto salvação humana; um altar que atrai a presença de Deus, que não é inflamado pelo fogo estranho de estranhos “cristãos”. Altar que introduz Cristo e este crucificado (1 Co 2) como nossa pregação; sobre isso F.B Meyer, um pastor batista e evangelista inglês, disse: “Se você gastar muito tempo lapidando as pedras do seu discurso, seus ouvintes provavelmente ficarão mais ocupados com a sua eloquência do que com o fogo divino que está queimando sobre elas” ³. Acorda Igreja! O único altar capaz de manifestar a presença poderosa de Deus é o altar em que o mesmo Deus seja mais proeminente do que o instrumento de sua manifestação! Finalizando com as sábias palavras de F.B Meyer que asseverou: “Um centímetro de chama subindo é melhor do que metros de pedras talhadas”! 4
                                                             

                                                                         Por Esdras Moreira

¹ O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo por Russel N. Champlin, 2ª edição, São Paulo, Editora Hagnos, 2001, vol. 1, pág. 396, nota 20.25.                                                               

² O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo por Russel N. Champlin, 2ª edição, São Paulo, Editora Hagnos, 2001, vol. 1, pág. 396, nota 20.25.

³ http://chuva.serodia.com.br/?porcao=26-09-15-deuteronomio-276-de-pedras-toscas-edificaras-o-altar

4 http://chuva.serodia.com.br/?porcao=26-09-15-deuteronomio-276-de-pedras-toscas-edificaras-o-altar                                                 

3 comentários :

  1. Sabia mensagem,é uma grande verdade dos dias atuais da igreja, que estão mais preocupados em mostrar beleza de seus templos doque o próprio altar de seus corações.

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  2. Muito boa palavra , e dita á tempo , para uma geraçáo má !!!...

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  3. Excelente opinião!A humildade e a simplicidade nunca devem sair de nossa rotina!

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