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sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Uma multidão Indigna

Duas multidões e um interesse comum entre elas: A fome que as motivavam estar perto de Jesus. Mas, a de João 6 tinha fome do pão perecível desta terra (Jo 6.26); já a de Lucas 5 tinha fome do Pão Celestial, fome de ouvir a Palavra que saía da boca do Mestre (Lc 5.1). Ouviam a palavra através da Palavra. Alimentavam-se e saciavam-se do Pão vivo que desce do céu! Este paralelo é perfeitamente aplicável aos nossos dias, ainda há duas multidões, ainda hoje  pessoas esfaimadas, contudo, ainda hoje uns correm atrás de Jesus por causa da prosperidade e de uma vida bem-sucedida outros são motivados pelos milagres que podem fluir e irromper de suas mãos, contudo, há aqueles que "comprimem" Jesus por causa da sua Palavra que alimenta, que sustenta e que sobretudo, não traz somente subsistência, mas vida, fôlego, o respirar para o crente.  

Se não, vejamos, como se comportava a multidão de João capítulo 6 e qual a sua relação com as multidões espalhadas pelos templos a fora do nosso país e quais as aplicações possíveis para o nosso tempo ao exaurirmos esta perícope bíblica.  

A multidão de João capítulo 6 não está à procura de milagres, prodígios, sinais ou maravilhas que o Mestre operava, mas o versículo 26 deste mesmo capítulo nos revela a mesquinharia de tal multidão: 

"Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que me buscais, não porque                                     vistes sinais, mas porque comestes do pão e vos saciastes" 

 Champlin comenta: Jesus percebeu perfeitamente a frivolidade deles, em meio à fingida  decisão de o seguirem como discípulos, tendo notado como a mente deles se prendia  exclusivamente aos benefícios físicos que ele lhes poderia prestar.¹ 

Essa multidão era tão carnal e terrena que haviam atravessado o mar da Galileia apenas para receberem do Cristo pães para satisfazer-lhes as necessidades fisiológicas. Mais se pareciam com cadáveres ambulantes. Estavam tão mortos espiritualmente que só enxergavam os pães e os peixes. O pão e o peixe faziam parte da alimentação básica dos galileus.  Estavam acostumados com o básico, com o raso, com o superficial. Essas pessoas viam na figura de Jesus um messias terreno que os libertariam do jugo romano; reduziam tudo o que Jesus fazia a meras provisões físicas e materiais. Ademais, essas pessoas eram tão interesseiras, que pasmem os leitores, não estavam doentes nem acometidas por qualquer enfermidade, pois não haviam "acossado" o Senhor para contemplarem os milagres, os sinais, os prodígios e as maravilhas.    

Embora hoje haja multidões enlouquecidas para ver milagres (aliás, nunca houve tantas músicas gospéis com essa temática), há aqueles que atravessam cidades e até estados para receberem "o melhor desta terra", para adquirirem a tão sonhada prosperidade financeira. Templos abarrotados de pessoas vazias. Vazias de Deus. Vazias da Sua Palavra. Vazias da sua presença. E cheias de interesses. Cheias de "segundas intenções". Cheias das coisas desta terra. Tiveram a oportunidade ímpar de comerem do banquete espiritual proporcionado pelo próprio Deus encarnado, mas estavam decididas a extraírem de Jesus apenas o que lhes interessava. Como essa verdade é coeva para os nossos dias; a única coisa que muda na história são os personagens, mas a multidão é essencialmente a mesma.   

Quando acharam aonde Jesus estava (v.25) o indagaram: Rabi, quando chegaste aqui? Jesus nem ao menos se deu ao trabalho de responder, pois sabia que que aquela multidão não era digna de ter ciência do milagre de Jesus andando por cima da àguas. Naquele momento tal milagre poderia soar estranho aos ouvidos daquelas pessoas, uns poderiam descrer, outros não se sentiriam impactados por tamanho milagre, dada a cegueira que os levavam a pensar e desejar somente o pão. Miseráveis homens. Estavam ao mesmo tempo tão perto de Jesus e ao mesmo tempo tão longe. Tão próximos e distantes. Tão ao lado e aquém. Será que não temos feito parte desta multidão indigna? Será que não temos nos comportado como se o Senhor fosse apenas o provedor material para nós? Hoje o Senhor nos faz a mesma pergunta que fez aos 12 discípulos: Quereis vós também vos retirar-vos? Que os nossos lábios imitem os de Pedro e proclamem o Senhorio e a Messianidade de Jesus Cristo; "Para quem iremos nós? Senhor, só tu tens as palavras de vida eterna. E nós temos crido e bem sabemos que tu és o Santo de Deus" 

Por Esdras Moreira Machado 

¹ O Novo Testamento interpretado versículo por versículo por Russel N. Champlin, Nova edição revisada, São Paulo, Editora Hagnos, 2014, vol. 2, pág. 459, nota 6.26

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