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sexta-feira, 4 de maio de 2018

A LISTA DE SCHINDLER POR UMA ÓTICA TEOLÓGICA



Recente ao acabar de ver o Filme "A lista de Schindler", a obra-prima do premiado cineasta judeu Steven Spielberg pude constatar a bondade, a generosidade e o altruísmo de um alemão que teve seu nome alçado na história por salvar 1200 judeus dos campos de concentração e, consequentemente da morte. Haja vista um olhar teológico da vida de Oskar Schindler, a menos que este homem tenha sido regenerado por Deus, suas ações generosas não passaram de uma manifestação da graça comum de Deus; pois qualquer ato de bondade não vem do homem, mas se origina em Deus.

Schindler a princípio viu nos judeus uma oportunidade de lucro altíssimo com a mão de obra barata. Ademais, o mesmo era membro do partido nazista, mas inexplicavelmente se compadeceu pelo povo judeu. Se restringirmos a nossa crítica com um olhar social certamente o consideraremos um grande humanitário, todavia, se usarmos as lentes do olhar teológico inequivocamente chegaremos à conclusão que Deus soberanamente injetou bondade no coração de Oskar para que o mesmo livrasse aqueles judeus. Com efeito, não foi Oskar Schindler que salvou mais de mil judeus, mas foi a mão poderosa, norteadora e controladora de Deus sobre a vida deste alemão. Todos alemães que se compadeceram de judeus não o fizeram por bondade própria, mas pela "boa dádiva e pelo dom perfeito que desce do alto, do Pai das Luzes" (Tg 1.17).

Mas é perfeitamente possível que possa surgir uma pergunta na mente do leitor, assim como surgiu na minha! Como Deus pode salvar 1200 judeus usando Schindler e permitir que outros 6 000 000 000 judeus se tornassem mártires do que ficou conhecido na história como O Holocausto? Sinceramente eu não sei. Creio que nem mesmo os judeus têm a resposta do porquê de tanto sofrimento que lhes acometeram nos idos sombrios da década de 40. Na teologia nomeamos isso de "O Problema do Mal". Mas se resolvermos trilhar por esse caminho obscuro de incertezas se entregando a tais sendas de horror, duvidaremos da existência de Deus bem como da veracidade da Bíblia. Para mim a máxima é: A existência do mal não prova a inexistência de Deus! Pode se acrescentar a isso que a existência de Deus não exige obrigatoriamente que o mal seja irreal ou inexistente como advogava a matriarca da Ciência Cristã Mary Baker Eddy ou que ainda a existência do Mal revogue o atributo moral de Deus, a saber, sua bondade.

O fato é que não pretendemos elaborar uma nova teodiceia¹, mas apenas fazer uso da definição de mal de C.S Lewis em sua magna obra: Cristianismo Puro e Simples que define o Mal como uma perversão do Bem. O Mal é a perversão da perfeição que podemos chamar de Bem. ² Ainda como bem define Lewis os cristãos são convictos da origem do Mal que se dá na figura do Querubim ungido que posteriormente decaiu de seu estado original (Ez 28, Is 14). ³ Mas, a pergunta perdura: Porque impera o mal enquanto Deus reina soberanamente? Respondo ao leitor com outra pergunta: Porque em Atos 12 Tiago morre ao fio da espada e Pedro escapa da prisão e de sua iminente morte? Nessa hora nos calamos; resta-nos aceitar resignadamente a vontade soberana do Deus que continua a reinar soberanamente não obstante o mal que aflige a humanidade, inclusive os filhos de Deus.
Quando falamos do mal perpetrado por agentes morais a resposta pode ser achada na Queda do homem; sua natureza, sua maldade nata, em suma, o homem é uma “máquina de pecar”. Entretanto, quando o mal se reserva às catástrofes da natureza, poderia ser mais difícil convencer o homem de que até isso faz parte do corolário da Queda. 

Mas, e quando o mal atinge os salvos em Cristo, e quando o sofrimento bate à porta dos filhos de Deus e quando a tragédia encontra os servos do Deus Altíssimo? As respostas se escasseiam. A língua trava. A boca se cala. Se cala como a de Jó. Mas, se a boca se cala os ouvidos estão mais diligentes para ouvir as palavras consoladoras do Deus que tudo vê, tudo sabe, e em tudo pode intervir segundo a Sua Vontade. Para alguns seria muito mais fácil assumir um posição deísta e concluir que o mundo é como um relógio de corda que foi ativado pelo Criador e que agora funciona apenas por meio de suas leis naturais, mas a história não evidencia isso e nem as Santas Escrituras, antes revelam um Deus que fala, que comunica, que tergiversa, que dialoga, que se mostra, que se revela, que age, que reage, que se movimenta, que intervém e que controla todas as coisas. 

Se há duas lições teológicas que podemos exaurir do filme a Lista de Schindler são essas:

1ª O homem não pode realizar nada de bom por si mesmo. Toda e qualquer boa ação que o homem realizar vem de Deus.

2ª Deus permanece em seu trono durante a história governando soberanamente a terra, inobstante às guerras mundiais, ao nazismo, fascismo, comunismo, ao Holocausto, aos campos de concentração, à morte de milhões de judeus, inobstante, ao Estado Islâmico, Al-Qaeda, Boko Haram, Hamas, FARC e etc... Deus permanece sendo Bom.

¹ Teodiceia – Tentativa de justificar Deus frente a existência do mal.
² Lewis, C. S. Cristianismo Puro e Simples, São Paulo, Martins Fontes, pág. 21.
³ Lewis, C. S. Cristianismo Puro e Simples, São Paulo, Martins Fontes, pág. 21.

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